Idealizador do Fome Zero defende programa federal para o fim da obesidade
Frei Betto acaba de ser premiado pela Unesco pelos projetos desenvolvidos e diz que “no Brasil a fome é gorda”.
O escritor Frei Betto já deixou as digitais na luta contra a ditadura brasileira, no primeiro programa do governo Lula de combate à miséria, o Fome Zero, e agora é uma das vozes mais atuantes na briga para vencer um problema de saúde que afeta do sertão nordestino aos centros urbanos do Sul e Sudeste: a obesidade.
Divulgação
Frei Betto defende programa nacional "Obesidade Zero"
A contribuição dele “à justiça social, aos direitos humanos e à construção de uma cultura de paz universal” – na definição da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco)– foi reconhecida este mês com o “Prêmio Internacional José Martí”. Leia mais: ‘É ingenuidade pensar que tudo acabou’, diz Frei Betto sobre espiões da ditadura Em entrevista ao iG Saúde, o premiado líder de movimentos sociais e autor de 53 livros responde como o governo federal deveria atuar para combater o que ele chama de “fome gorda” brasileira. Frei Betto ainda define que a atual política de internação forçada dos usuários de crack – em curso em São Paulo e no Rio de Janeiro – tem falhas e precisa ser menos “ao estilo Pinochet” (em referência ao ditador chileno Augusto Pinochet, morto em 2006). Leia a seguir a entrevista concedida por e-mail. iG: O documentário Muito Além do Peso, do qual o senhor foi consultor ( leia aqui), coloca em destaque a obesidade das crianças brasileiras. Atestar que um país sofre com o excesso de peso significa que a fome foi vencida? Frei Betto: De modo algum. Quando eu trabalhava no Fome Zero (2003-2004), verifiquei que, no Brasil, a fome é gorda. Não encontrava, pelo interior, crianças esquálidas, magérrimas, como as fotos que vemos da África. E, sim, crianças barrigudas, cheias de vermes, com distúrbios glandulares, devido à falta de nutrientes essenciais. Assim, há crianças e adultos obesos e famintos, pois comem apenas um ou dois alimentos, como mandioca, o que caracteriza desnutrição.
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